Parece que sou a responsável pela alteração do universo.
Consegui confundir as estações, as marés, e os destinatários dos acontecimentos.
Já não sou eu a sister surreal, a viver num sonho do Lynch. Lá se foi a Laura e o seu sweet tooth.
Em vez de 9, o monstro estará pronto em 3 - já tem esqueleto e berra com os editores.
O Outono não chega, porque não fiz os rituais do Verão.
E agora? Eu sabia lá que por alterar tudo, tudo se alteraria? Que por mudar de paradigma, a experiência daria resultados inexplicáveis? Por deixar de saber escrever em Português, por deixar de não pensar em consequências, por deixar de ser um free spirit (deixei? ou alguma vez o fui?), por deixar de amar quem amei.
Não há redefinições pensadas, mas não há mudanças não pensadas. Os resultados convergem, a hipótese nula deixa de receber apoio, e o universo descontrola-se.
Entropia.
Quem era o default perdeu o estatuto. Quanto tempo alguém demora a tornar-se default?
O universo desgovernado é agora o único free spirit, e decidiu que eu já não estou no mesmo sítio
