12.17.2011

Esta ilusão de querer matar todas as gaivotas tem de acabar.
Elas não morrem, algumas suicidam-se, é certo, mas depois há sempre gaivotas bebés, como aquelas do cais do sodré, há muito tempo... nem devia lembrar-me destas coisas.
O conceito de gaivotas bebés é ridículo, mas toda esta situação é ridícula. (as cartas, todas as cartas, também o eram, supostamente)

Se não as consigo matar, fugir delas talvez seja o melhor. Terá sido por isso que fui tão feliz nas margens do Mississippi? Fugi, não para o habitual Big Sur, mas para o interior, onde não oiço gaivotas e os cucos ainda não chegaram. Serão dois dias de fuga suficientes para calar as gaivotas, já que não as consigo matar?

12.11.2011

Acho que hoje mataste a última gaivota.
E já não doeu.
Estava moribunda há muito,
tentava agarrar-se à vida que não era dela,
respirava nas entrelinhas,
enterrando-se mais e mais no estômago que a alimentava. (de há algum tempo)

(as coisas mudam, alteram-se, a história repete-se, hiperbolicamente, mas, de facto, as gaivotas já morreram, já não fazem sentido; é mais ou menos como um artigo que é rejeitado e revisto tantas vezes que, na última revisão já não é o que tinha sido criado por nós, o que tinha sido sentido, e já não acreditamos mais na sua aceitação, porém, a rejeição já certa deixou de fazer doer, porque o artigo já não somos nós)